Alegando “compromisso inadiável previamente assumido e por tratar-se de período de recesso acadêmico”, o Vice-Reitor da PUC, Professor Vidal Martins justificou seu não comparecimento ao debate convocado pelo Sinpes sobre a opção que vem sendo exigida dos professores da PUCPR pelo novo Plano de Cargos. A Associação dos Professores da PUCPR e o DCE também justificaram a impossibilidade de comparecimento.
O evento ocorreu em clima esclarecedor. A Professora Ilda Lopes Witiuk sintetizou uma série de perguntas encaminhadas pelos professores da PUCPR, submetendo-as ao Professor Valdyr Perrini que fez um histórico das tratativas e uma síntese das consequências da adesão pela sistemática proposta. Tudo isso de forma pormenorizada, abordando cada um dos pontos polêmicos das novas regras e as cotejando com as antigas.
A postura dos professores em relação ao debate confirmou as denúncias que o Sinpes tem recebido, de intensa coação. O grande interesse sobre o tema, despertado assim que divulgada a realização do evento, foi seguido de uma plateia inexpressiva (apenas 3 participantes conectados) explicada por alguns professores por boato que se espalhou na comunidade acadêmica como rastilho de pólvora: todos os que ousassem se conectar seriam sumariamente demitidos.
Até as 18h00min do dia seguinte ao evento 259 usuários já tinham assistido integral ou parcialmente de forma anônima o programa disponibilizado no facebook do Sinpes. Confirmou-se assim o interesse por uma visão crítica do processo e que a comunidade acadêmica está farta versões “chapa branca” disseminadas diuturnamente.
Também são indicativos da coação:
– A não autorização para que o evento ocorresse no Campus;
– A constrangedora exigência para que o professor que quiser permanecer no plano atual opte expressamente nesse sentido perante o DRH ou perante seus superiores hierárquicos (como se sua omissão não quisesse significar exatamente isso);
– Reuniões que estão sendo realizadas com as autoridades universitárias e advogada da PUC nos salões nobres das diversas escolas em que os professores são “aconselhados” a optar por um plano “mais flexível” que permita “menos demissões”.
– A ausência de transparência: “somente que assina pode levar o documento” e os que já assinaram não devem mostrá-lo para ninguém em face de um inusitado “dever de sigilo”;
Para complicar ainda mais a legitimidade do processo corre à boca pequena um comentário ainda não confirmado pelo Sinpes: os professores que percebem mais do que o dobro do teto da previdência, além de compelidos a optar por um plano de cargos e salários que afasta direitos consagrados, simultaneamente estariam aderindo a um cláusula de arbitragem que implica em renúncia ao direito de ter seus eventuais conflitos trabalhistas examinados futuramente pela Justiça do Trabalho.
Mais grave. A arbitragem, sequer cogitada pelo “novo plano” e pelas discussões que o acompanharam estaria a cargo da CANATRA, Câmara Nacional de Arbitragem fundada por Sérgio Rocha Pombo, ninguém menos do que o principal advogado trabalhista da Associação Paranaense de Cultura, até há muito pouco seu Vice-Presidente.
Como esperar imparcialidade de uma entidade privada constituída e gerida até há bem pouco tempo por pessoa da mais absoluta confiança da empregadora? Raposas indicadas para tomar conta do galinheiro ou uma forma imparcial e célere para a solução de litígios? Essa é uma pergunta que todo o professor tem condições de responder depois de ouvir os esclarecimentos prestados pelo Sinpes na live promovida.
Se você inadvertidamente já “optou” pelo “novo plano” e já elegeu a arbitragem para a solução de seus conflitos trabalhistas, até o dia 16.08.2019 é tempo de comunicar a PUCPR que mudou de ideia.
Confira a gravação do debate na nossa fan page no Facebook
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