Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana
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Curitiba, 21 de novembro de 2024.
 
Professores e professoras não são máquinas

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a pandemia da Covid-19 impactou as aulas de cerca de 91% do total de estudantes do planeta. Isso representa mais de 1,5 bilhão de alunos. E os professores e as professoras, quantos foram afetados?

No mês de março, de um dia para o outro, a realidade dos professores e professoras mudou bruscamente. Da Educação Infantil ao Ensino Superior eles foram obrigados a abandonar a sala de aula, lousa e giz e começar a pensar em telas, vídeo-aulas e plataformas online. Em maio, quando a pandemia completava dois meses, cerca de 83% dos docentes brasileiros não se sentiam preparados para o ensino remoto, conforme revelava pesquisa do Instituto Península.

Com o home office a jornada de trabalho, que já era extensa, triplicou. Gravar vídeo, editar vídeo, carregar vídeo, resolver problemas técnicos, aplicar avalições, participar de reuniões online, além de vários outros “detalhes cibernéticos”. Não bastasse a sobrecarga de trabalho, o medo de um vírus que espreita amigos e familiares e o confinamento no espaço doméstico, os docentes ainda precisam suportar o ataque a direitos trabalhistas e o cenário de sumárias e constantes demissões.

Em Curitiba, por exemplo, a pandemia desvelou o desprezo que grandes grupos educacionais têm para com os educadores. Centenas de demissões, a ameaça de uma nova matriz curricular que colocará em risco emprego e renda de professores e professoras e tentativas de diminuir salários se somam a rotinas estafantes e ao não pagamento de direitos garantidos pela CLT.

Neste dia 15 se proliferarão lindas homenagens e agradecimentos e no dia seguinte haverá cobrança impiedosa, pressão, retirada de direitos, demissões. A mercantilização do ensino, promovida por grandes grupos educacionais, tenta transformar professores em máquinas. Uma linha de produção que se intensificou na pandemia e que sorve a saúde física e emocional dos docentes.

Absortos ora na vida profissional, ora no pessoal, eles sempre carregaram um estigma histórico de amor à profissão que justifica todo tipo de injustiça. Se trabalham aos fins de semana é porque amam os alunos; se corrigem provas até madrugada é porque sabem da importância da educação; se têm seu salário reduzido é porque sabem que a instituição onde trabalha precisa de seu “sacrifício” para continuar existindo.

Educadores não são máquinas. O que os professores e as professoras precisam é de valorização profissional. Que seus direitos trabalhistas sejam respeitados. Necessitam de uma carga horária justa, de um salário digno. Carecem do descanso merecido, do tratamento de saúde física e mental adequado. E, acima de tudo, precisam ser respeitados como seres humanos que diariamente capacitam e formam outros seres humanos.

O Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (SINPES) felicita todos os docentes neste 15 de outubro, mas, principalmente, se compromete a lutar pela manutenção dos seus direitos, pela garantia de seus empregos e humanização do trabalho docente.

#SinpesAssim