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Curitiba, 13 de dezembro de 2024.
 
Padre Domenico Costella comemora 60 anos de sacerdócio

18/11/2024

No último dia 25/10, ocorreu, na Igreja Bom Pastor, no bairro Vista Alegre em Curitiba, os 60 anos de ordenação sacerdotal do Padre Domenico Costella. O Sinpes foi representado no evento pelo seu Presidente, Valdyr Perrini.

Nascido em Parma, na Itália, em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, foi ordenado sacerdote em 1964, aos 23 anos de idade. Chegou ao Brasil em 1974 e se estabeleceu no sudoeste do Paraná em Enéas Marques. Veio para Curitiba em 1978 quando foi convidado a lecionar na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a atuar na Paróquia Bom Pastor, no Vista Alegre.

Padre Domenico foi um docente que marcou gerações de estudantes da PUCPR.  Era um encanto de professor. Carismático, irreverente, preparado e imbuído de extraordinária dose de empatia, marcou indelevelmente a vida dos seus alunos como referência de integridade, empenho, vocação, bom humor e comprometimento científico.

Mestre e doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade de Estudos São Tomás de Aquino de Roma (Angelicum), chegou ao Brasil trazido pelos saudosos ventos da Teologia da Libertação. Na PUC, participou da renovação do currículo de Filosofia voltado ao Brasil e à América Latina. Em 1986 participou ativamente de greve de professores por melhores condições de trabalho e de remuneração.

Na década de 90, a Vice Reitora Acadêmica da PUCPR, Ivete Cardoso, deflagrou movimento denominado “Consciência Crítica”, que envolveu professores e alunos com o objetivo de rediscutir a Universidade e a atualizar para enfrentar novos desafios.

Um grupo participante desse movimento, integrado pelos professores Neuza Volpe, Ana Maria Laporte, Jerônimo Molli e Luiz Alberto Souza Alves, entre outros, elaborou texto com sugestões de alterações estatutárias e regimentais. Entre as inovações propostas estava retirar do Regimento da PUC algumas nuances de origem medieval exigidas por ocasião da contratação de professores de Teologia.

Na exposição de motivos que precedia as alterações propostas seguia um texto elaborado pelo grupo, o qual justificava a supressão das vetustas exigências: evitar que o então Arcebispo, Dom Pedro Fedalto, ficasse conhecido com um “Torquemada dos Pinheirais”, alusão feita a Tomás de Torquemada, o Inquisidor-Geral espanhol, confessor da rainha Isabel, a Católica.

Esse texto foi lido pelo Padre Domenico Costella em uma reunião do Conselho Universitário da PUC, ente coletivo por ele integrado na qualidade de representante dos Professores Adjuntos.

Foi a gota d’água que precipitou sua despedida apesar dos integrantes do grupo Consciência Crítica terem assumido a autoria do texto não só perante o Reitor Euro Brandão, mas também junto ao Arcebispo, Grão Chanceler da PUCPR.

Um pouco antes desse episódio, os alunos da Universidade indicaram Domênico para participar de uma eleição paritária informal para a escolha do Reitor da Universidade, organizada pelo DCE e pela Associação dos Professores da PUCPR.

Desencadeou-se então um intenso debate sobre o tema na comunidade acadêmica com a participação ativa do “candidato” Padre Domênico Costella, que chegou até mesmo a dar entrevistas na RIC TV sobre o pleito.

Na ocasião foi o nome mais votado, figurando como cabeça de uma listra sêxtupla encaminhada para a Associação Paranaense de Cultura, mantenedora da PUC. Essa lista foi integrada, entre outros, pela Professora Julieta Rodrigues Saboya Cordeiro, pelo Dr. Alberto Acciolly Veiga e pelo reitor Euro Brandão que ficou em sexto lugar e foi reconduzido.

Demitido imotivadamente pela PUCPR, teve sua despedida revertida judicialmente sete anos depois. Na época, seu desligamento despertou forte comoção no ambiente universitário. Entre os diversos protestos realizados, alunos de Filosofia­ manifestaram sua indignação tocando tambores pelas dependências da PUC.

Parte significativa do montante recebido em face do processo judicial serviu para a construção da sede do Instituto da Filosofia da Libertação, inaugurada poucos meses depois de Champagnat, o fundador da Congregação dos Irmãos Maristas ser canonizado e denominado pelo Papa João Paulo Segundo de o “Apóstolo da Juventude”.

Na ocasião, em seu discurso, Padre Domênico atribuiu, de forma irreverente, a obtenção dos recursos para a construção da sede do Instituto a mais um dos consagrados “milagres de Champagnat”, que propiciaram sua canonização.

Prova de que o mundo dá muitas voltas, entre os personagens ilustres que parabenizaram em vídeo o Padre Domênico Costella, por ocasião de seus 60 anos de sacerdócio, estava ninguém menos do que o Arcebispo Emérito de Curitiba Dom Pedro Fedalto, hoje com 98 anos bem vividos.

Da esquerda para Direita: Desembargador Aposentado Ruy Miggiatti Filho, Professor Euclides Mance, Celso Ludwig, Padre Domenico, Neusa Volpe, Valdyr Perrini e Samuel Gomes, ex-presidente do DCE da PUC e da UPE.