Entre os assuntos que ganharam repercussão na imprensa nas últimas semanas esteve um manifesto assinado por 130 juristas, todos docentes que labutam em cursos de Pós-Graduação, protestando contra evento cancelado patrocinado pelo Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito, o CONPENDI em parceria com o Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Direito de Curitiba, que convidara Sérgio Moro para coordenar mesa em que seria debatido “O Papel do Setor Privado em Política Anticorrupção de Integridade”.
Em sua coluna da UOL Reinaldo Azevedo (https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2021/06/22/moro-ja-se-depara-com-sua-real-biografia-empresa-nega-pressao-por-seu-nome.htm) dá destaque ao manifesto que lucidamente noticia “grande contrariedade gerada no meio acadêmico” e considera “um desrespeito a toda a comunidade jurídica do país e às suas instituições a possível presença daquele que foi declarado pelo Supremo Tribunal Federal como suspeito e parcial nos processos que dirigiu…”
Segundo se infere da coluna de Reinaldo Azevedo, em segundo lugar entre os juristas signatários do documento encontra-se um dos proprietários do UNIBRASIL, Professor Wilson Ramos Filho, o que faz parecer que teve papel importante na elaboração do documento.
Wilson Ramos Filho, o Xixo, advogado, doutor e professor de Direito do Trabalho na UFPR é um nome importante na defesa da classe trabalhadora. Seus pronunciamentos via de regra contém críticas sagazes ao golpe sofrido pela Presidente Dilma, à contrarreforma trabalhista e à perseguição encetada pela “República de Curitiba” ao presidente Lula por procuradores e magistrados, aos quais atribuiu criativamente a denominação de “Direita Concursada”.
Entretanto, de forma paradoxal, embora figure como um dos proprietários do Centro Universitário Unibrasil, assistiu sem encetar qualquer contrariedade, essa importante instituição de ensino superior praticar atos de vassalagem em homenagem ao mesmo Sérgio Moro, ora desconvidado do evento do COPENDI.
Infere-se pelo endereço eletrônico https://www.unibrasil.com.br/sergio-moro-apresenta-aula-magna-sobre-corrupcao-sistemica/ que o então Juiz Federal Sérgio Fernando Moro, no dia 24 de agosto de 2016, quando a Lawfare já corria solta, proferiu aula magna sobre o tema “CORRUPÇÃO SISTÊMICA” no auditório Cordeiro Cleve, no Unibrasil.
Na oportunidade, conforme ainda disponível na Internet, o evento foi prestigiado por diversas autoridades universitárias e pelo Presidente do Complexo de Ensino Superior do Brasil, professor Clèmerson Merlin Clève, que pousa sorridente em fotografia com o então Juiz Federal, chancelando seu trabalho de desmonte de importantes setores políticos e econômicos até ali.
Clèmerson, sócio de Wilson Ramos Filho e responsável pela administração do Unibrasil, mantém relação de amizade e de admiração por Sérgio Moro e pelo Desembargador Gebran Neto, relator do recurso que confirmou a sentença condenatória do Presidente Lula no TRF-4. Isso se conclui por notícia veiculada em 17 de julho de 2017, disponível ainda hoje site do seu escritório de advocacia (https://www.cleveadvogados.com.br/clemerson-merlin-cleve-orientou-sergio-moro-e-joao-pedro-gebran-neto/). Ali, Clèmerson ufana-se de ter sido Orientador de Mestrado em Direito Constitucional dos Juízes Sérgio Moro e João Pedro Gebran Neto na Universidade Federal do Paraná, citando reportagem do jornalista Aroldo Murá que informa que teria “ficado amigo dos dois em 2000, quando os juízes paranaenses o escolheram para orientar suas teses de mestrado na UFPR…”
O SINPES cobra de Wilson Ramos Filho postura coerente no seu quintal com as posturas que vem adotando publicamente. Sugere que depois da decisão do Supremo Tribunal Federal atestando a parcialidade e a incompetência de Sérgio Moro, o Unibrasil faça uma mea culpa apagando as homenagens ainda veiculadas no sítio eletrônico da instituição.
E aproveita o ensejo para solicitar que intervenha com urgência para fazer cessar os atos antissindicais que têm sido praticados pelo Unibrasil contra o Professor Edson Stein, combativo Diretor de Negociações Coletivas do SINPES, que teve sua carga horária suprimida no primeiro semestre de 2021, após sucessivas reduções de carga horária sofridas em consequência de sua atuação em defesa da categoria que representa. Stein permanece vinculado pro forma ao Unibrasil sem ter recebido atribuição de lecionar nenhuma aula nem receber qualquer remuneração nesse semestre. É vítima do que se chama no jargão sindical de uma “despedida branca”. A intervenção exigida pelo Sinpes é medida de coerência que se impõe!
O Sinpes entrou em contato com a Assessoria de Imprensa do Unibrasil para pedir uma nota de esclarecimento sobre os fatos trazidos neste texto. Até a publicação do mesmo não havia recebido resposta.
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