Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana
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Curitiba, 21 de novembro de 2024.
 
Atentados nas escolas do Brasil

19/04/2023 

O Sindicato dos Professores de Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana – SINPES vem a público se manifestar sobre os recentes ataques a escolas que levaram dor e pânico a cidades brasileiras e deixaram sob alerta instituições de ensino, incluindo as de nível superior.

Um mapeamento da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sobre casos de ataques em escolas por alunos ou ex-alunos levantou 22 ocorrências deste tipo desde 2002. Para os pesquisadores que trabalharam no mapeamento, esses casos devem ser classificados como extremismo de direita, pois envolvem cooptação de adolescentes por grupos neonazistas que se apoiam na ideia de supremacia branca e masculina e os estimulam a realizar os ataques. Esses grupos disseminam um discurso que acirra o preconceito, a discriminação, o uso de força e que encoraja direta e indiretamente atos agressivos e violentos. Para os estudiosos, medidas de prevenção só serão eficazes se atuarem sobre esse cenário.

Artigo de Andréa Serpa, professora da Universidade Federal Fluminense, publicado no Blog Gerson Nogueira reforça a tese dos pesquisadores da Unicamp e ressalta que “a onda de ataques e violência gratuita crescente são um projeto. Não é obra do acaso. Quanto mais medo e ódio produzem mais seu projeto nazi/fascista vence: muita gente boa, sensata, consciente clamando por polícia armada em porta de escola. Daí é um passo para a população exigir polícia dentro da escola e finalmente: que a própria escola seja militarizada”.

Já o jornalista Glenn Greenwald, em artigo publicado no dia 14/04 na Folha de São Paulo ressalta que “quando um número significativo de jovens de uma sociedade é atraído por movimentos sociopatas ou ideias assassinas, é sinal de um fracasso profundo em fornecer os meios para que uma população espiritualmente saudável floresça.  A internet, como a música ou filmes que adolescentes consomem, pode refletir essas falhas, mas não é a causa. No entanto, culpar as redes sociais, filmes e músicas é uma solução barata para os políticos e, por isso, estão sempre em oferta”.

O diretor do Sinpes, professor Cezar Bueno de Lima, em entrevista ao site DW alertou que precisamos ter cuidado com a lógica punitivista.  Ele ressalta que a pedagogia da educação pela violência, seja ela física ou psicológica, torne-se mais naturalizada quando episódios de violência como o acontecido na creche da cidade de Blumenau acontecem. Essa abordagem, além de possivelmente desencadear comportamentos agressivos em crianças e adolescentes, é perigosa porque apresenta a violência a eles como uma ferramenta legítima para a vida em sociedade. “Quando faltar razão você vai utilizar a violência? É isso que a gente tem feito”, lamenta o professor Cezar.

A visão do Sinpes coincide com o que dizem esses especialistas. O sindicato vê com preocupação o arrefecimento da violência e acredita que incentivar o armamento da população não é a solução, haja vista que o país com mais armas entre civis é o que registra mais atentados às escolas: Estados Unidos.

Para o sindicato, a solução para o problema passa pela investigação e responsabilização de grupos extremistas que tem na internet seu meio de organização e disseminação dos ideais de segregação e ódio. Passa também por investimentos mais contundentes em educação, acolhimento, diálogo, inclusão e conscientização no ambiente escolar.

A responsabilidade é de todos. Tanto do poder público quanto de entidades da sociedade civil.

Nessa toada o SINPES pretende dialogar com o SINEPE, sindicato que representa as instituições de ensino superior privado, e com as demais entidades sindicais que representam trabalhadores na educação no Estado do Paraná – APP Sindicato, SINPROPAR e SAAEPAR – para somar forças e adotar providências que possam contribuir para a segurança de estudantes e professores.

Diretoria do Sinpes