Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana
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Curitiba, 21 de novembro de 2024.
 
A pandemia e a “desimportância” da escola e das(os) professoras(es) para ensinar

Artigo de Edson Stein, Professor no ensino superior privado, Doutor em Educação – PPGE – UFPR e Diretor do Sinpes. 

A pandemia veio confirmar o que há muito acontece com a educação e a escola no Brasil.
Nas manifestações dos que falam sobre o retorno das aulas, quase ninguém argumenta sobre a necessidade dessa retomada para minimizar os prejuízos de aprendizagem para as(os) alunas(os), mesmo que indicadores, divulgados recentemente, mostrem que em torno de 60% dos alunos tendam a terminar o ciclo sem saber matemática.
A principal preocupação gira em torno dos prejuízos financeiros para as(os) proprietárias(os) das escolas. Além dessa, existem outras questões recorrentes, tais como a atenção e os cuidados com estas crianças, agora em casa, atendidas por pais, mães, avós, que precisam dedicar mais tempo de sua jornada diária para elas. Somando-se a isso, o fato de elas ficarem sem as refeições fornecidas pelas escolas, as públicas, claro!
Professoras(es) sequer são citada(o)s quando se trata das precauções e proteções a serem adotadas nesse retorno das aulas.
Assim, na percepção dos governantes, da(o)s proprietária(o)s de escolas e dos pais e mães, ao que parece, a escola e as(os) professoras(es) tem servido para tudo, menos para ensinar.
Nessa percepção, as escolas servem para servir refeições para as crianças, servem como creches para cuidar dos filhos, de maneira geral, servem de depósitos de crianças.
Professoras(es) se tornaram babás com curso superior, trocam fraldas, substituem pais e mães na tarefa de educar as crianças, dar limites, etc., são organizadores de filas para as refeições, e se sobrar um tempinho, aí se ocupam de ensinar. O fato é que a sobrecarga de trabalho, os salários aviltantes, somados ao desprezo por parte dos governantes, proprietários de escolas, pais, mães, resulta em professoras(es) desmotivada(o)s, esgotada(o)s física e mentalmente, e muita(o)s adoecem.