Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana
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Curitiba, 23 de abril de 2024.
 
O DESCANSO DO GUERREIRO

Sob uma fina garoa típica de Curitiba, cidade que o acolheu há mais de seis décadas, entremeada com fortes rajadas de vento pouco primaveris, amigos, parentes e admiradores do Professor Aloísio Surgik prestaram-lhe justa homenagem por tudo de bom que ele fez nas últimas oito décadas.

Foram referências permeadas de muitas saudades ao Surgik professor, pesquisador, historiador, romanista, maestro, sindicalista, dirigente de clube recreativo, marido, pai e cidadão sempre disposto a verberar de forma indignada contra o Estado Leviatã, quando direitos e garantias individuais fossem cerceados em nome de duvidosos interesses públicos.

Sua participação intensa e apaixonada nos mais diversos aspectos da vida em que se envolveu sempre de corpo e alma foi enaltecida por todos. Seu aguçado senso de humor, sua perseverança e otimismo diante de situações adversas e sua fé inquebrantável nos princípios democráticos que sempre cultivou e jamais negociou, constituíram a tônica das manifestações dos amigos, companheiros e admiradores.

Merecem registro as homenagens recebidas oriundas das instituições de ensino em que lecionava até o dia em que foi acometido pelo grave problema de saúde que o retirou de suas atividades e da sala de aula, local em que se sentia realizado como ninguém: Universidade Tuiuti, Centro Universitário Curitiba, Universidade do Contestado e FACINTER.

As duas últimas por solicitação de seus centros acadêmicos que levam o nome de Aloisio Surgik, suspenderam aulas e atividades acadêmicas como forma de homenagear o mestre e pesquisador.

Deve ser destacado porque transcende o campo das divergências ideológicas e se situa dentro dos valores humanos que sempre o Professor Surgik defendeu e venerou, a homenagem recebida pelo SINEPE – Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Paraná, com quem por dever de ofício e por convicção pessoal e ideológica era obrigado a discordar sempre que deparava com proposta que restringisse direitos dos professores ou atentasse contra a excelência do ensino.

Ecoam ainda nas redes sociais as homenagens recebidas da Reitoria da Universidade Federal do Paraná e da Associação dos Professores da UFPR, entidade em que lecionou até o longínquo ano de 1992. Por lá deixou muitos amigos e discípulos.

A Sociedade União Juventus, clube recreativo que teve o eclético Surgik como seu dirigente em época de crise, não deixou de consignar sua gratidão para com um dos principais responsáveis pela sua sobrevivência.

Do meio jurídico as homenagens vieram da Ordem dos Advogados do Brasil, dos mais prestigiosos escritórios de advocacia de Curitiba e do aluno da década de 70, hoje Ministro do Supremo Tribunal Federal, o também Professor Luiz Edson Fachin, seu colega de docência por muitos anos na PUCPR.

Quanto ao silêncio nada obsequioso da cúpula da PUCPR, onde lecionou por décadas e de onde foi afastado por duas vezes em face da intolerância marista para com os  valores democráticos que cultuava como ninguém, retornando numa das oportunidades por determinação judicial, foi largamente compensado pela presença de dezenas de docentes que conviveram com ele naquela Universidade e pela homenagem recebida da Associação dos Professores da PUCPR, entidade que presidiu e que sempre prestigiava nos tradicionais jantares comemorativos dos dias dos professores.

Adeus Professor Surgik! E fique certo que suas bandeiras jamais serão esquecidas e serão sempre desfraldadas pelos que aqui permanecem e hoje se sentem redobradamente responsáveis com a sua ausência física.